PROGRESSO COLETIVO PELO TRABALHO
-
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
A participação de cada pessoa, na edificação de uma sociedade mais próspera, mais justa e mais fraterna é uma condição essencial, também para o desenvolvimento, para o progresso e para a paz, quer em termos individuais, quer na perspetiva coletiva.
A cooperação formal, ou informal, entre indivíduos, grupos, povos e nações: seja ao nível institucional público, ou entre entidades privadas, bem como entre aquelas e estas; faça-se no domínio da cultura, da investigação, das tecnologias; exista, ainda, por razões humanitárias, tem sempre grandes possibilidades de produzir resultados positivos para os intervenientes.
A intervenção que estará mais acessível, às pessoas individuais, ocorre pela via do trabalho produtivo, competente, honesto, no respeito pelos direitos de cada interventor, e na exigência dos correspondentes deveres.
Quanto mais desenvolvida estiver a sociedade, nos seus aspetos materiais, culturais e espirituais, tanto mais oportunidades terão os cidadãos em obter sucesso na vida, não só para os próprios, como para os familiares e comunidade em geral.
O contributo que profissional, e civicamente, é exigível a cada cidadão, para o bem-geral, é compatível com o direito individual de melhor estatuto socioprofissional, e económico-patrimonial, do próprio e de sua família, desde que não interfira nem prejudique idênticas oportunidades, que aos seus semelhantes são igualmente concedidas, observando-se o respeito, e a reciprocidade, de cada pessoa ter o direito de, com liberdade e responsabilidade, desenvolver uma actividade profissional, preferencialmente no quadro das suas capacidades, competências, habilidades, atitudes e prazer. O trabalho com prazer será, certamente, bem executado, mais produtivo, para o próprio e para a sociedade. É essencial gostar-se do que se faz, com uma perspectiva de vida de sucesso:
«A vitória é a consequência de uma atitude diante da vida.» (SHINYASHIKI, 2000:177).
Revelar a atitude correta perante a vida, o trabalho e o mundo, no sentido de fazer com que as coisas aconteçam, é fundamental para o progresso do indivíduo e da comunidade. Deseja-se, portanto, uma atitude: moderna, no sentido em que cada um deverá ser competente na sua profissão, independentemente do estatuto que a sociedade atribui a determinadas atividades; competitiva, em ordem a produzir em qualidade, quantidade, preço (hoje o preço é relativo, porque:
«Não existe, pois, “caro” nem “barato”. Existe o “valor” que o cliente dá ao produto ou serviço» (MARINS,2005:137) e garantia; entusiástica, envolvendo sentimentos do dever cumprido e sensações de prazer, autoconfiança e auto-estima.
A vida deveria ser um prazer permanente, em que cada pessoa tivesse a oportunidade de se realizar nas diversas dimensões, entre estas e pelo menos: profissional, familiar, política, religiosa, social, económica e cultural.
O dever de trabalhar, competente e responsavelmente, é exigível a todos os cidadãos válidos, independentemente da sua idade, situação profissional – ativo ou aposentado –, que se pretendem livres, participantes de todo o processo de desenvolvimento, sucesso pessoal e da comunidade em que se inserem, e aspiram à concretização máxima das suas legítimas ambições e projetos de vida.
Reconhece-se, portanto:
«Através do trabalho torna-se real o princípio do “destino universal dos bens”. Através do trabalho torna-se real “a legitimidade da propriedade privada, como condição indispensável de autonomia pessoal e familiar. É na valorização do trabalho – de todos os trabalhos -, como fonte de onde surgem todos os bens que permitem a vida da sociedade, que radica a conceção dos deveres e direitos que o Estado deve regular e se clarifica o próprio papel do Estado como promotor e tutor do bem comum.» (BERGOGLIO, 2013:304).
Ao longo da história, certas teorias têm denunciado o trabalho como um processo que humilha e escraviza o homem, pelo menos em certas épocas e contextos. Hoje, porém, parece mais curial defender-se uma ocupação, na medida em que:
a) Todo o trabalho é digno e eleva a pessoa, quando exercido no total respeito pelas regras estabelecidas, produzindo resultados concretos para o bem-estar individual e colectivo;
b) Não se compreende que possa haver profissões mais dignas do que outras, atento o conceito de profissão, enquanto atividade legítima, legal, produtiva, necessária e aceite na comunidade, face aos valores, princípios e regras instituídas e praticadas pela maioria, no respeito pelas culturas minoritárias, segundo o princípio pelo qual: as minorias acatam as decisões das maiorias e estas respeitam os direitos, liberdades e garantias daquelas.
Além do mais, cada cidadão tem o direito a aceder ao mercado de trabalho, em condições de igualdade com os seus semelhantes e, nesse sentido, terá todo o interesse: em primeiro lugar, apresentar-se bem preparado técnica e culturalmente; segundo, o conceito moderno da formação integral – saber-ser, saber-estar e saber-fazer –; por fim, revelar-se disponível para evoluir na sua carreira profissional, através do bom desempenho, da atualização, da especialização, da fidelidade à cultura da empresa e aos valores profissionais da competência, assiduidade, pontualidade, espírito de equipa, entre outros.
É importante considerar, que, sem qualquer dúvida:
«O exercício de uma profissão não é apenas fonte de sobrevivência. A profissão é como o casamento: se com amor já dá tanto trabalho, imagine sem amor como fica complicado. Evolua, mas respeite sua vocação. (…) A profissão é o instrumento de realização da vocação do ser humano. É algo que dá sentido à vida, que lhe dá a certeza de que está fazendo e construindo algo bom, de que a vida vale a pena.» (SHINYASHIKI, 2000:169).
Estabelecida a premissa fundamental para o progresso – trabalho competente, entusiasta e assíduo –, importa evidenciar o trabalhador, de forma que ele ocupe o lugar que merece, no seio da sociedade, como elemento essencial de produção de riqueza, não só para ele, seus familiares e quaisquer outros dependentes, como também para toda a comunidade.
A riqueza das nações passa por três intervenientes cruciais: Estado, Empresários e trabalhadores.
O progresso coletivo depende da harmonia e da cooperação entre aqueles três elementos, sem os quais a vida seria impossível, em termos de desenvolvimento e bem-estar sociais.
Investir na valorização do trabalhador, pela educação, formação profissional de qualidade, salários justos e pagos em tempo útil, regalias e benefícios empresarias e apoios sociais na doença, no desemprego e na velhice, será o mínimo que se deverá conceder a quem trabalha, e se dedica com lealdade e permanente colaboração, para com a instituição, fornecedores e clientes.
A sociedade, nos seus diversos constituintes e agentes interventores, deverá ter sempre uma atitude de respeito e palavras de gratidão, para com todos aqueles que trabalham, que produzem, nas diferentes áreas de atividade, por isso, valorizar o trabalhador e o trabalho por ele desenvolvido revelar-se-á, também, como um estímulo, um apoio ético-moral, que será tanto mais eficaz quanto mais sincero e oportuno se revelar.
Em bom rigor:
«O trabalho humano que se exerce na produção e na troca dos bens econômicos e na prestação de serviços, sobreleva aos demais factores da vida econômica, que apenas têm valor de instrumentos. Este trabalho, empreendido por conta própria ou ao serviço de outrem, procede imediatamente da pessoa, a qual como que marca com o seu selo as coisas da natureza, e as sujeita ao seu domínio. É com o seu trabalho que o homem sustenta de ordinário a própria vida e a dos seus. Por meio dele se une e serve aos seus irmãos, pode exercitar uma caridade autêntica e colaborar no acabamento da criação divina.» (CONCÍLIO VATICANO II, 1966:95).
O mundo do trabalho atravessa tempos complexos, devido ao avanço, sem precedentes, da ciência, da técnica e da tecnologia que, em conjunto, e em todas as atividades humanas, estão: por um lado, a aliviar o homem dos trabalhos mais penosos, violentos e perigosos, obrigando-o, porém, a um esforço de mais aprendizagem, mais atualização, mais concentração e elevação dos níveis de produtividade, em qualidade e quantidade; por outro lado, originam-se novas situações de desemprego, por substituição do elemento humano pela máquina, tendo como objetivo enfrentar a concorrência, possibilitar maiores lucros e com estes haver condições de manutenção do maior número possível de postos de trabalho.
Neste quadro de acelerada globalização, de crescente competitividade e de sustentabilidade das empresas, em consonância com a estabilidade laboral, justifica-se uma intervenção mais cuidada e pertinente, a desencadear pelos outros dois elementos do sistema, o Estado e o Empresário, justamente com a adoção de medidas institucionais, que visem promover as condições sociais adequadas, como a formação ao longo da vida, a modernização permanente, os apoios pecuniários, e outros benefícios ao nível da saúde, da habitação e manutenção da estrutura familiar de qualidade, verdadeiramente digna.
Quanto melhores forem o bem-estar e a estabilidade socioprofissional do trabalhador, maior será o seu empenhamento no processo produtivo.
O Estado, a empresa, as organizações, quaisquer que estas sejam, que investirem na satisfação dos seus colaboradores, terão, seguramente, o sucesso garantido. Uma boa estratégia para o êxito dos três elementos constituintes – Estado, Empresário e Trabalhador –, pode ancorar-se no princípio da máxima responsabilidade, para o maior benefício, numa perspetiva de carreira profissional ascensional, por mérito próprio, devidamente avaliado e atempadamente reconhecido.
A máxima responsabilidade, num contexto de ampla liberdade, possibilita que o trabalhador possa ser: ele mesmo, criativo, inovador, original e cumpridor das regras, normas e orientações superiores, no respeito pelos valores e cultura instituídos na organização, até porque:
«Os conquistadores silenciosos escolhem modelos úteis e adotam valores nítidos como guias de orientações para seu progresso. Eles sabem que o caminho mais simples e mais curto para o sucesso é o de tentar igualar ou exceder as características que funcionam para outras pessoas bem-sucedidas.» (POLE, 1998:32).
BIBLIOGRAFIA
BERGOGLIO, Jorge, Papa Francisco, (2013). O Verdadeiro Poder é Servir. Por uma Igreja mais humilde. Um novo compromisso de fé e de renovação social. Tradução, Maria João Vieira /Coord.), Ângelo Santana, Margarida Mata Pereira. Braga: Publito.
CONCÍLIO VATICANO II (1966). Gaudium et Spes. Constituição Pastoral o Concílio Vaticano II sobre a Igreja no Mundo de Hoje. II Edição. São Paulo: Edições Paulinas
GREENER, Mark, (2004). Tempo para Tudo. Organização e Gestão Pessoal. Tradução, Alexandra Lemos, revisão e adaptação técnica: Osvaldo Santos, psicoterapeuta, 1ª edição portuguesa, Dezembro/2004, Lisboa: Edideco, Editores para a Defesa do Consumidor.
MARTINS, Vera Lúcia Franco, (2005). Seja Assertivo – como ser direto, objetivo e fazer o que tem de ser feito: como construir relacionamentos saudáveis usando a assertividade. Rio de Janeiro: Elsevier
POLE, Timothy, (1998). Ser Você. Tradução, Arlete Dialetachi. São Paulo: Editora Angra, Ltda.
SELECÇÃO DE TEXTOS (2000). “Educação em Matéria de Direitos Humanos”, in: Noesis. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional – Ministério da Educação, (56), Outubro-Dezembro-2000, Págs.18-21
SHINYASHIKI, Roberto T., (2000). Os Donos do Futuro. 31ª Edição. S. Paulo: Editora Infinito
“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha – Portugal, 2024
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
site@nalap.org
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://nalap.org/Artigos.aspx
diamantino.bartolo@gmail.com
http://diamantinobartolo.blogspot.com
https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1