Cidadania na resolução dos problemas societários
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quarta-feira, 25 de setembro de 2024
Refletir e publicar pensamentos sobre temas, deste século, e também de outros tempos, embora se considerem oportunos, é uma tarefa difícil, que expõe os respetivos autores à crítica, justa ou injusta, fundamentada e construtiva ou simplesmente desmoralizadora e acintosa.
Qualquer que seja a temática e a intencionalidade da crítica, o importante é alertar as consciências para as diversas situações que se vão apresentando à sociedade, e que no uso dos inalienáveis deveres de Cidadania, a responsabilidade de discutir os problemas, e apresentar soluções possíveis para os resolver, ou atenuar, pertence a todos.
Quem não participa neste processo, certamente, terá dificuldade em reconhecer a sua própria legitimidade para criticar quem os aborda de uma forma simples, mas convicta, sem falsos moralismos.
Pode-se compreender, aceitando ou não, que no exercício de uma atividade profissional, a ética e deontologia se imponham, e os seus conceitos prevaleçam, todavia, fora desse contexto, outros procedimentos e valores se adequam a uma situação diferente, seja de lazer, seja de simples ocupação de tempos livres, com atividades diversas de natureza amadora, à qual se devam aplicar outros comportamentos, valores e linguagem, isto é: a célebre frase: “Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”, terá o seu fundamento se proferida em contextos de vida diferentes.
A Cidadania envolve um pensamento ético-construtivo, que é contrário ao comodismo, ao estar de acordo com tudo e com todos.
No respeito pelas diferenças, e na humildade de escutar e compreender os diversos pontos de vista, reside a nobreza de carácter do cidadão, seja qual for o seu estatuto socioprofissional.
Trata-se de uma Cidadania Reflexiva que, naturalmente, complementa a Cidadania das boas-práticas.
Neste âmbito poder-se-á verificar que:
«O acatamento acrítico dos padrões e valores preestabelecidos é outro erro. Quase sempre há padrões preestabelecidos que pautam o valor das coisas. Não é sensato menosprezá-los, mas tão pouco é inteligente acatá-los como critérios indiscutíveis. Isto implica um mero conformismo mole. (…). Nem sempre, é claro, se precisa ir tão longe. Basta uma atitude crítica. » (ROMERO, 1998:319).
A participação dos cidadãos, na vida ativa da sua comunidade é um dos deveres cívicos, e como tal, todos têm essa obrigação. Criticar destrutivamente, quantas vezes com objetivos inconfessáveis, sem apresentar alternativas, provavelmente, não corresponde a uma atitude ética solidária.
Criticar, por exemplo, para destruir o bom-nome, a honra e dignidade dos seus concidadãos é, igualmente, um comportamento inaceitável e, tanto mais inqualificável, quanto seja certo que, ao longo da vida nunca se desempenhou nenhum cargo idêntico, àquele a partir do qual se pretende avaliar as pessoas, titulares desses mesmos cargos, anteriores e/ou presentes.
Não se pode avaliar aquilo que não se conhece: nem nas suas origens; nem no seu desenvolvimento; nem nas suas consequências.
A dimensão da Cidadania envolve novas formas de estar na vida, que têm de se ajustar a uma sociedade cada vez mais complexa e, dir-se-ia, exigente. Não se compreende que, no presente, se possa criticar tão destrutivamente o passado, quando aqueles que hoje criticam, já exerceram idênticas funções ou, então, nunca nelas estiveram envolvidos.
Verifica-se, assim, a ausência de um outro valor cívico que é a solidariedade/compreensão. A Cidadania é uma prerrogativa exclusiva do Ser humano e, como tal, há, ainda, um longo caminho de reflexão e boas-práticas que urge, desde já, iniciar, em vez de se optar pela crítica desmotivadora e, quantas vezes, infundamentada e injusta.
Acredita-se que, no plano político, uma parte significativa dos jovens se mantenha afastada da “coisa pública”, exceto, eventualmente, aqueles que já tenham o caminho facilitado, em alguns casos muito estimulado, e os cargos pré-atribuídos.
Não se pode apelar à participação dos jovens na vida política, quando não lhes são dadas condições para se interessarem pela participação na vida comunitária.
Os sistemas político-partidários tornam-se, em diversas circunstâncias, pouco atraentes, devido à inclusão de uns contra a exclusão de outros, eventualmente, porque os primeiros aceitam determinados “padrões”, sem os contestar, designadamente uma atitude de “Sim Senhor”.
Por outro lado, a vida cívica deve proporcionar a possibilidade de resolução de problemas da comunidade, desde logo os de bem-estar social, o que nem sempre acontece, excetuando-se, em alguns períodos cíclicos.
Não se coloca, aqui, a legitimidade e legalidade de quem ocupa cargos, que tornam concretizáveis os projetos da coletividade, nem tão pouco a capacidade de muitos cidadãos, que ocupam as respetivas funções em tais cargos, porém, o que é menos compreensível é que sejam, praticamente, sempre os mesmos que, depois de instalados, permanecendo, por vezes, décadas nas respetivas funções e em diversas situações, esqueçam os objetivos a que se propuseram, inicialmente.
Nesta perspectiva é fundamental, portanto, refletir sobre a Cidadania que se pretende construir. Uma Cidadania de progresso, de bem-estar social, para todos, aqui nos seus vários domínios, porque:
«O homem é um ser de necessidades complexas, e por isso o bem-estar social possui um conteúdo amplo e não pode considerar-se alcançado, enquanto cada pessoa não contar com a possibilidade de desenvolver-se em todos os sentidos. (…). Ser liberado da miséria, encontrar com mais segurança a subsistência, a saúde, um emprego estável, ter mais participação nas responsabilidades, excluindo qualquer opressão e situações que ofendam a sua dignidade de homem…» (GALACHE-GINER-ARANZADI, 1968:368-9).
Bibliografia
GALACHE – GINER – ARANZADI, (1969). Uma Escola Social. 17ª Edição. São Paulo: Edições Loyola
ROMERO, Emílio, (1998). As Dimensões da Vida Humana: Existência e Experiência, São José dos Campos: Novos Horizontes Editora.
“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
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Venade/Caminha – Portugal, 2024
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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