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OS OBJETIVOS NOBRES DA DEMOCRACIA




Nenhum cidadão, por muita experiência que possua, por mais áreas do conhecimento que domine, por grande popularidade que julgue ter, pode, em circunstância alguma, dispensar aqueles que, lealmente, fazem chegar-lhe as suas ideias, reflexões diversas sobres os diferentes assuntos que, na opinião destes autores, podem contribuir para uma comunidade mais fraterna.

Por outro lado, nenhum executivo empresarial, político e/ou institucional tem o direito de comprometer o futuro, principalmente pelo aspeto negativo:

«Nunca existiu, nunca existirá e nunca poderá existir um parlamento, ou qualquer classe de homens, ou qualquer geração de homens, em qualquer país, que possua o direito ou o poder de comprometer e controlar a posteridade até ao fim dos tempos, ou de comandar para sempre a forma como o mundo será governado, ou quem o governará, e, consequentemente, todas as cláusulas, actos ou declarações através dos quais os seus criadores tentam fazer aquilo que não têm o direito nem o poder de fazer, nem o poder de executar, são por si mesmos destituídos de validade. Todas as gerações têm de ser livres para agirem por si mesmas em todos os casos, tal como as eras e gerações que as precederam.» (PAINE, 1998: 15).

Determinadas observações, que por vezes se destacam das reflexões, obviamente que não são dirigidas a pessoas concretas em exercício de quaisquer funções, executivos, legislativas ou judiciais, não constituem, por isso, falta de consideração, respeito e lealdade.

Como já se referiu, pretendem, isso sim, dar um modesto contributo para uma sociedade melhor, na circunstância, portuguesa.

Também não podem ser aproveitadas por quem não tem oportunidade para refletir, embora tentado a utilizá-las, como arma de arremesso, escudando-se no autor que as publicou.

Todas as reflexões, abordagens, opiniões, sugestões e críticas, são no sentido de apoiar potenciais candidatos à governação de um país, cidade, vila ou aldeia e também os que já estão em funções. Nesta perspetiva, até o autor das referidas reflexões estaria disponível para, com total independência, dar o seu contributo, ainda que modesto, então de forma mais objetiva, presencial e contextualizada.

A Democracia precisa de pessoas simples, de boa-vontade, que se preocupem com a melhoria das situações mais degradantes, com um olhar atento para as questões sociais que, em período de crise mais acentuada devem ser uma profunda preocupação de quem governa, seja qual for o nível da administração.

A elaboração de planos de ajuda aos mais carenciados é um imperativo nacional, como igualmente uma atenção muito especial aos imigrantes. A exclusão social, que tem a sua origem em muitas causas, provavelmente uma delas, porventura a mais sub-reptícia, naqueles cidadãos que não estão a passar dificuldades, mas que estão imbuídos de preconceitos diversos.

A complexidade da sociedade atual apela, por isso mesmo, à participação de todos, cada um pelos meios que melhor será capaz de desenvolver e pela forma que considerar mais adequada.

Esse é, e sempre será o objetivo único das reflexões que se têm vindo a publicar e que no futuro continuarão dentro desta metodologia, tudo o mais será especulação, aproveitamento ou tentativa de fazer coincidir com elas factos e acontecimentos.

A Democracia tem objetivos nobres e é tanto mais sublime e desejada quantos mais problemas consegue resolver.

A crise mundial que vem assolando todos os países, dos mais ricos aos mais pobres, não é compatível com políticas de recriminação ou autoelogios. O tempo é de trabalho árduo, sério e produtivo.

O tempo é de acudir a quem necessita, porque aqueles que têm as suas fontes de rendimento estáveis e fartas, não carecem de cuidados especiais. O tempo é de políticas sociais para os desempregados que não recebem qualquer apoio do Estado, para os reformados cujas pensões não satisfazem as necessidades médicas e medicamentosas, passando fome, frio e humilhações. O tempo, finalmente, é de abrandamento de privilégios, alcançados por aqueles que agora possuem muito, em favor dos que nada têm.

Quem, por desconhecimento do pensamento daqueles que refletem sobre estes assuntos extrapolem para outros objetivos, intenções, críticas negativas, afrontamento pessoal ou ingerência nas práticas executivas, estão, seguramente, mal informados, interpretam injustamente a bondade daquelas reflexões e não podem extrair conclusões infundadas, porque precipitadas e inverdadeiras.

O importante é fazer um esforço no sentido de interpretar, com generosidade, pela vontade de consensualizar posições que, aparentemente, se julgam opostas, mas que na verdade se complementam.

A Democracia, na sua vertente social, que no fundo e maioritariamente tem sido o núcleo claro e duro das reflexões, pretende, portanto, resolver problemas graves de milhões de cidadãos. O contributo é modesto, mas é leal, genuíno e manifesta a decidida vontade do seu autor em se colocar à disposição de um projeto que contribua, ainda que minimamente, para a erradicação de certos flagelos que afetam as sociedades atuais, pequenas e grandes comunidades.

Com efeito:

«O sentido social é o resumo e a síntese dos deveres que nascem da vida social do homem, a meta da verdadeira formação social. É uma aptidão para receber e executar prontamente, como por instinto, uma dada situação concreta, o que serve ao bem comum.» (GALACHE-GINER-ARANZADI, 1969:239).

Se todos os cidadãos refletirem durante alguns minutos, todos os dias, sobre as diversas situações que atualmente afetam milhões de pessoas, em todo o mundo, certamente vão compreender os verdadeiros objetivos das reflexões que têm vindo a ser publicadas, que se desejam que continuem, para que haja mais igualdade, mais harmonia, mais justiça e fraternidade neste mundo que é, simultaneamente, um tempo e um espaço de passagem.

Que ninguém se iluda que vai permanecer eternamente neste mundo. Que ninguém pense que vai continuar a ser um privilegiado, porque quando chegar a hora, tudo se acaba. As contas serão, então, acertadas, definitiva e eternamente.

BIBLIOGRAFIA

GALACHE – GINER – ARANZADI, (1969). Uma Escola Social. 17ª Edição. São Paulo: Edições Loyola

PAINE, Thomas, (1998). Direitos do Homem, Tradução, Maria Isabel Veríssimo, Mira-Sintra: Publicações Europa-América, Lda. pp. 13-71.


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“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

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