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AS ELITES E OS RISCOS




Sabe-se que a sociedade é composta por bons e maus profissionais, por pessoas com valores altruístas e por outras que defendem o oposto, que certas classes, mesmo as minorias, prevalecem e até, numa ou noutra situação, comandam e controlam as maiorias.

Com efeito as minorias elitistas: política, economia e finanças controlam o mundo. Realmente, sem grande margem de erro e no caso português, pode-se afirmar que menos de 1.000 pessoas num universo de mais de 10 milhões, decidem, politicamente, o que entendem ser melhor; que alguns detentores de grandes empresas controlam as áreas económicas e financeiras de um país.

Com as devidas proporções, o mesmo se verifica à escala mundial. A ilação que se pode extrair é que quando existe uma situação de grave crise, a mesma deverá ser imputada aos respetivos responsáveis pelo controle político, económico e financeiro. O inverso, neste caso, será, igualmente verdadeiro, isto é, se a política, a economia e as finanças estão de “boa saúde”, também o mérito será daqueles e, certamente, dos trabalhadores.

O que interessa é refletir sobre as crises, porque na abundância todos ganham – as minorias já identificadas e as maiorias constituídas pelos trabalhadores anónimos: públicos e privados. Então, o mais desejável é tudo fazer para se evitarem as crises, porque afinal ganham todos: os trabalhadores com os seus postos de trabalho garantidos; salários justos e em dia; o poder de compra aumenta para todos e os produtos fabricados, financeiros e outros, melhor e mais rapidamente se escoam. Isto são verdades tão evidentes que nem Monsieur de Ia Palisse as contestaria.

A presente reflexão inspira-se nas graves situações que o mundo vem atravessando, um pouco por todo o lado: (Crise Económica em Portugal, 2009-2015; COVID-19, 2020 e continua; Invasão da Rússia à Ucrânia, 24 fevereiro 2022 e continua; Conflito Médio Oriente, HAMAS/PALESTINA-ISRAEL, 08 DE OUTUBRO DE 2023, e continua), epidemias e conflitos, que os principais líderes mundiais já reconheceram em várias cimeiras. A isto acrescem os alertas e as tomadas de decisões que, unilateralmente, cada país vai adotando, porém, ao que parece, sem o êxito que se desejaria.

Portugal, país pobre, sem grandes recursos naturais, não estará nas melhores condições para, por si só, vencer a crise, não obstante a dialética de alguns interventores mais otimistas, segundo os quais, à boa maneira portuguesa, “ainda poderia ser pior”. A pedagogia e o realismo, nestas circunstâncias, são essenciais. A verdade e a credibilidade são as melhores armas para o povo e outros responsáveis lutarem.

É preciso lançar os alertas apropriados, fazer as críticas que se afiguram pertinentes e justas. Em 17 de Abril de 2009, o mais alto magistrado do país, assumiu a grande responsabilidade, e inaudita coragem de alertar os principais intervenientes: políticos, banqueiros e empresários – para a necessidade de se ultrapassar esta crise profunda com uma aplicação criteriosa dos dinheiros públicos. Um alerta pedagógico, assim deverá ser entendido, e haja a humildade para bem o compreender, aceitar e aplicar. Tratou-se, também, de um ato de cidadania, pela participação de tão importante órgão de soberania.

A cidadania não pode alhear-se da crise e de tudo quanto respeita e afeta os cidadãos. É por isso que todos, sem exceção – políticos, banqueiros, empresários e povo anónimo – tudo devem fazer para se revelarem verdadeiros cidadãos. As crises debelam-se por comportamentos autênticos de cidadania. De resto: «Aprender a ser cidadão implica, também, que se faça uma apropriação de valores, de códigos de competências inerentes à conduta democrática em que se fundamenta, no essencial, o exercício da cidadania. Sendo, simultaneamente, uma tarefa cognitiva e sócio-afectiva, em cuja concretização a pessoa exerce um papel activo, tornando-nos cidadãos adquire uma natureza desenvolvimental e trata-se de uma tarefa para a qual concorrem domínios do desenvolvimento psicológico, como sejam o desenvolvimento cognitivo, estético, moral e pro-social.» (FONSECA, 2001:27).

Valores, códigos, competências e condutas são, eventualmente, quatro dimensões para se evitarem as crises como aquela que então, (2009-2015) atingiu o mundo em geral e Portugal em particular. O que se pergunta é se os responsáveis políticos, banqueiros, empresários e trabalhadores – comungam daqueles valores, competências e condutas, não no sentido egoísta e hipócrita dos termos, em proveito próprio, mas com a abrangência conceptual que lhes é dada universalmente? Igualmente se coloca questão idêntica a todos aqueles que, direta ou indiretamente, têm influência nesta situação, designadamente, gestores, altos funcionários públicos e toda uma elite, normalmente bem remunerada e desfrutando de benefícios diversos, legalmente atribuídos, mas que a esmagadora maioria dos cidadãos não tem?

O contributo que se pretende aqui deixar para se diagnosticarem as crises não pretende ser único, nem o mais eficaz, como, por outro lado, se tem a consciência de que também não será uma utopia, desde que a partir dos países onde já predominam a paz, o multiculturalismo e a fraternidade se implementem as boas-práticas dos valores universais constantes da Declaração Universal dos Direitos Humanos, códigos de competência e de conduta, com toda a elite já mencionada a abdicar de parte dos privilégios que detém, até porque tais elites, às vezes, com a cedência de pequenas partes dos seus rendimentos e benefícios, podem contribuir para retirar da miséria milhões de cidadãos, pessoas dignas tais como aquelas e, também, porque todas estão de passagem por um Mundo que, afinal, não pertence a ninguém, nem os próprios bens materiais.

Só com o exemplo das elites é que o povo anónimo compreenderá e poderá colaborar com mais entusiasmo.

Bibliografia

FONSECA, António Manuel, (2001). Educar para a Cidadania. Motivações, Princípios e Metodologias, Porto: Porto Editora.

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
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Venade/Caminha – Portugal, 2024
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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