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Conivência das Ciências Sociais no Preparo do Cidadão




Muito convictamente, pensa-se que está justificada a determinação em avançar com um projeto que constituirá um programa cívico, de preparação de um novo cidadão, não só em teoria, mas também na experiência de vida e na prática futura, e que será defendido, intransigentemente, com observância dos valores da cidadania: democracia, tolerância, solidariedade, abertura a projetos idênticos e respetiva cooperação com os seus autores e destinatários. Este cidadão ficará preparado para assumir tal responsabilidade e, certamente, obterá os resultados pretendidos.

Escolas de todos os níveis de ensino, Centros de Formação Profissional e Centros de Qualificação e Ensino Profissional (estes vieram substituir os Centros Novas Oportunidades), constituem com os restantes intervenientes no processo, a base de todo o sistema axiológico. Não bastam as disciplinas ditas técnicas, nem as denominadas ciências exatas.

Outros domínios do conhecimento, e da reflexão, tornam-se cada vez mais essenciais, cujo aprofundamento, poderá verificar-se ao nível superior:

«A motivação filosófica refere-se ao papel que a universidade tem na sociedade brasileira, ou seja, ela procura adequar as actuações na universidade no sentido do fortalecimento da nação. Estas actuações se dão no sentido de formar lideranças intelectuais comprometidas com a solução dos graves problemas socioeconómicos do Brasil, além de sua actuação directa neste cenário através da sua actividade de pesquisa e de extensão. (...).

Mas por que pesquisa e extensão são tão importantes para uma universidade?

«Em primeiro lugar pelo efeito directo de seus resultados. O país precisa de avanços que trazem a ciência e a tecnologia. A extensão, por sua vez, gera inegáveis ganhos para a comunidade com a qual a universidade se relaciona. (...) A formação de lideranças intelectuais com sólida capacidade crítica é cada dia mais fundamental para a soberania de um país em um mundo cada dia mais globalizado. Combinar filosofia com exigências governamentais e sustentação financeira não é, desta forma, uma missão impossível.

É bom para o país, é bom para o Governo e é bom para os proprietários de universidades. A longo prazo, por fim, a implantação da pesquisa e extensão trará benefícios únicos. Os alunos que estudarem em universidades deste tipo inegavelmente terão uma melhor formação e o mercado saberá identificar isso.» (GARCIA, 2002)

O que se aplica ao Brasil, certamente, e neste caso concreto, se aplicará a todos os países lusófonos e, confirmando tudo o que acima é referido, este trabalho dará o relevo possível aos papéis da Filosofia (tantas vezes e por tantas pessoas, injustamente, maltratada), da Ciência e da Técnica, precisamente, na educação e formação do novo cidadão.

A cumplicidade entre as ciências sociais e humanas, com destaque para as filosofias: social, política e da educação e para as ciências tradicionalmente denominadas positivas, ou exatas, é uma inevitabilidade que deve cimentar a formação deste novo cidadão, sem que se lhe exija que tenha de assumir-se como filósofo, educador, professor, cientista ou técnico.

É importante que ele esteja sensibilizado para interiorizar e levar à prática um projeto de relacionamento, o melhor possível, com aqueles domínios dos: “Saber-ser, Saber-estar, Saber-fazer” e “saber-conviver-com-os-outros”, para melhor compreender, e exercer, os seus deveres e direitos, numa sociedade investida das condições de dignidade, que assiste a todos os seus elementos constituintes, desde logo o Homem-Cidadão, em comunhão profunda com a natureza e com Deus.

A aposta, fortíssima, que se coloca, atualmente, pode passar pelo reconhecimento, descomplexado, quanto à necessidade de considerar a Filosofia e as Ciências da Educação, como mais dois dos níveis do conhecimento, que importa incluir como uma dimensão, inequivocamente significativa, nos currículos escolares, a todos os níveis de ensino e formação profissional.

Com efeito: se por um lado, se conhece a problemática que envolve os sistemas educativos e formativos; por outro lado, é notória alguma incapacidade para muitas famílias darem um maior apoio aos seus educandos, por razões várias, e que, aqui, também estão identificadas: a necessidade de o casal trabalhar fora da sua área de residência, entregando os filhos aos cuidados dos estabelecimentos próprios para cada idade; a que acresce um outro conjunto de fatores, que alteram e provocam mudanças profundas nos hábitos, opinião pública e mentalidades, que impedem os pais de terem uma intervenção mais ativa e profícua junto dos seus filhos.

Na verdade:

«Hoje torna-se cada vez mais árdua para os pais a tarefa de guiarem os filhos pelas várias etapas da sua vida. Na sociedade da tecnologia avançada, dos mass-media e da globalização tudo se torna tão rápido; e a distância cultural entre as gerações é cada vez maior. Os apelos mais diversos e as experiências mais imprevisíveis cedo invadem a vida das crianças e adolescentes, e os pais sentem-se às vezes angustiados para fazer face aos riscos que aqueles correm. Não é raro experimentarem fortes desilusões, constatando a falência dos seus filhos perante a sedução da droga, o fascínio dum hedonismo desenfreado, as tentações da violência, as expressões mais variadas da falta de sentido e de desespero.» (PAULO II, 2003:19).

Resulta que, sem se pretender substituir a família na educação e na formação das crianças, a escola assume uma função essencial e, com tal evidência, não podem os responsáveis pelos sistemas educativos e formativos, ignorar certos domínios do conhecimento, desde logo, a Filosofia e as Ciências da Educação, enquanto disciplinas de reflexão e crítica, mas também interventivas e de projeto, como sendo fundamentais na preparação de cidadãos: responsáveis e conscientes; da importância que decisões e intervenções ponderadas têm no desenvolvimento da sociedade.

Bibliografia

GARCIA, Maurício, (2002). Filosofia, exigências governamentais e sustentação financeira: é possível combiná-las?
PAULO II, João, (2003). Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae: Rosário Bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus”, in: Arautos do Evangelho, S. Paulo: Associação Arautos do Evangelho, Ano II, (Nº 22). Outubro/2003, Págs. 16-19

“NÃO, à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. As Regras, são simples, para se obter a PAZ”
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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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