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Matrimónio: Projeto de Vida Complexo




A constituição de uma família é, para a maior das pessoas, um desejo e um objetivo nobre na vida, que se procura alcançar, em qualquer idade, sendo mais frequente, por razões óbvias, na primeira metade da esperança média de vida, ou seja, até cerca dos quarenta anos de idade, começando pela união conjugal, qualquer que seja a modalidade para, depois, também, na maior parte das situações, se desejar filhos, enquanto sinónimo de amor, de continuidade e reforço dos laços familiares.

Abordar-se-á, nesta breve reflexão, o conceito de matrimónio, como um bem maior, consubstanciado na comunhão de uma vida a dois, na sua composição mais antiga: uma mulher, um homem, respeitando-se, todavia, quaisquer outras alternativas, nomeadamente: sentimentais, legítimas e legais, relativamente à orientação sexual, porque toda a pessoa tem o direito à felicidade, sem preconceitos, nem estigmas.

É sabido que, tradicionalmente, de acordo com uma determinada cultura e, até, alguns “rituais”, o casamento é precedido de um período, não quantificado em/no tempo, que se destina ao namoro e ao noivado, a fim de que as pessoas que pretendem unir-se pelos laços do matrimónio, possam conhecer-se melhor, avaliar um conjunto de princípios, valores, sentimentos e emoções, que sejam o melhor e maior denominador comum, possibilitando ter mais “certezas” quanto ao êxito desse projeto de vida tão importante, que envolve uma grande responsabilidade, pretensamente, para o resto da existência dos cônjuges.

Atualmente, primeiro quarto do século XXI, a concretização do ato matrimonial, observando as partes, civil e religiosa, é cada vez mais rara. Está a tornar-se uma prática corrente, o casamento pelo registo civil e, com crescente adesão, a simples “união de facto”, quem sabe se para acautelarem dificuldades futuras, resultantes de uma provável separação que, em caso litigioso, é muito complexa e, possivelmente, ainda mais dolorosa.

Dos casamentos que de há alguns anos a esta data se realizam, não serão muitos os que têm consistência e durabilidade bastantes e, alguns, por exemplo, nem sequer chegam a festejar as bodas de Cristal que corresponde à comemoração dos quinze anos de casamento: «O décimo quinto ano de matrimônio é motivo de celebração para muitos casais, que costumam reunir os amigos próximos e familiares para reafirmar o compromisso de companheirismo e amor feito no dia do casamento» (in: http://www.significados.com.br/bodas-de-cristal/

Diversas são as datas significativas para se celebrar o casamento, porém, cada vez mais raras, porque: quer as “Bodas de Prata”, quer as “Bodas de Ouro”, respetivamente, vinte e cinco e cinquenta anos de união conjugal, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, nos sucessos e nos fracassos, na sorte e na desventura, implicam uma profunda e recíproca entrega dos cônjuges, uma dádiva permanente um ao outro, com amor, respeito, carinho, compreensão e tolerância.

Portanto, assumir um compromisso a dois, com solidariedade, amor, lealdade, cumplicidade, responsabilidade, trabalho, estudo, poupança, criação e educação dos filhos, quando os há, provavelmente será um “caminho” que muitas pessoas não são capazes de percorrer, preferindo, então, uma vida de “descomprometimento”, de “boémia”, aproveitando, inclusivamente, oportunidades de “fragilização” da outra parte.

Normalmente, o homem “espreita”, “analisa” e “ataca”, precisamente, aquelas mulheres que, numa dada fase das suas vidas: seja solteira, casada, divorciada ou viúva, está mais vulnerável, por diversas razões, nomeadamente, doenças, incompreensões conjugais, abandono do lar por parte do marido, etc. Naturalmente que a recíproca é igualmente verdadeira.

É certo que parte da responsabilidade caberá à pessoa que, na circunstância, a mulher, imprudentemente, se deixa “embalar” pelo “canto” perverso de uma “criatura-bestial” masculina e, quantas vezes, porque aquela mulher de boa-fé, até pensa que está a relacionar-se com um alegado e prestável “amigo”: eventualmente, de longa data; aparentemente, educado e “respeitador”.

Hoje, tem-se conhecimento de que muitos matrimónios são destruídos, muitas crianças abandonadas pela mãe ou pelo pai, infelizmente, e segundo as estatísticas, mais pelo pai, e que a esta situação se seguem ocorrências verdadeiramente deploráveis, quase sempre, com consequências desastrosas para a mulher, que não soube, ou não quis, proteger-se de certos “pseudo-amigos”, acabando por trair, desrespeitar e humilhar o próprio marido e os filhos que, perante a sociedade e o relacionamento interpessoal, serão ridicularizados e estigmatizados para o resto da vida. Claramente que o inverso é, igualmente, verdadeiro, ou seja, idênticos comportamentos do marido, em relação à esposa e filhos.

A união matrimonial entre duas pessoas, aqui na perspectiva de uma mulher e um homem, implica, portanto, uma imensa responsabilidade, se não para toda a vida, pelo menos, desejavelmente, por algumas décadas, todavia, importa que os cônjuges estejam bem seguros dos seus princípios, valores e sentimentos, não praticando quaisquer atos que venham a colocar em questão o amor, a lealdade e o respeito entre eles, devendo afastarem-se de pessoas e situações duvidosas, que levantam suspeitas na opinião pública e que ponham em risco a dignidade do outro cônjuge, e filhos quando os houver.

A concretização, manutenção e consolidação de um casamento, exige aos cônjuges, infinita compreensão, imensa tolerância e bastantes cedências, estas nem sempre fáceis, quando, precisamente, uma das partes nunca soube, ou teve de renunciar a qualquer tipo de hábitos, privilégios e situações que lhe davam prazer, facilidades e desresponsabilidade quando, eventualmente, em relacionamentos anteriores ao matrimónio e/ou até durante este.

Uma vez mais, acredita-se que, em geral, o homem é menos tolerante e mais egoísta, porque o preconceito da “virilidade” associado a um “ego machista”, e domínio que julga ter sobre a mulher, levam-no a pensar que tudo pode fazer, que nada lhe fica mal, que ninguém o vai censurar por certos “comportamentos”, desde logo a começar nos amigos que defendem idênticos complexos, princípios, valores e sentimentos negativos.

Apesar da grande evolução que a mulher tem vindo a beneficiar, por mérito próprio, no que respeita aos seus deveres e direitos, a verdade é que ainda existe uma “prepotência” escondida, por parte de alguns homens, os quais, em muitos casos, à mínima dificuldade, abandonam o lar e não assumem a sua quota-parte de responsabilidade, na preparação dos filhos, quando os há, para o futuro.

A vida matrimonial, quando constituída pelo casal, ou então com mais elementos, quando existem filhos e/ou outros parentes a viverem no mesmo lar, é, obviamente, muito complexa, mas se cada um dos membros da família, tiver interiorizado que deve desempenhar diversas tarefas, desde logo, o exercício de um trabalho produtivo remunerado, para o sustento do lar e proporcionar todo o conforto, estará sendo dado um primeiro passo para que a harmonia se instale.

Considera-se, também, essencial, a colaboração recíproca entre todos os elementos da família, por forma a que se consiga acumular os bens materiais, cada vez mais necessários ao conforto, bem-estar, educação e formação, não só dos cônjuges, mas principalmente dos filhos e outros elementos do agregado familiar, mais vulneráveis: crianças, idosos e deficientes.

Nos tempos que correm, em que se vive numa sociedade, na qual cada vez mais se esquecem princípios, valores e sentimentos nobres, em benefício da satisfação de outros interesses, provavelmente mais materialistas, é fundamental que os cônjuges não cedam a quaisquer tentativas de relacionamentos fáceis, simpáticos, ditos sociais, para que se fique “bem visto”, se formule uma opinião de que somos pessoas muito sociáveis e, até, alegadamente, “importantes”.

O rigor, a ética e a moral no casamento podem constituir, outros tantos pilares que venham a suportar a felicidade dos cônjuges. Realmente, hoje em dia, todos os cuidados são poucos, porque a irresponsabilidade de um número crescente de “indivíduos” é notória, os quais preferem levar uma vida de “conquistas” fáceis, de pessoas, eventualmente, em desespero matrimonial e/ou de outros imprudentes.

A felicidade do casal não se edifica para o resto da vida, se ela não for acarinhada, qual planta que é necessário adubar e regar todos os dias, de contrário, morre. A vida de uma mulher e de um homem, que se amam incondicionalmente, não pode, em nenhuma circunstância, ser perturbada por “aventuras” passageiras, de resto e quando tais “proezas” envolvem os “pseudo-amigos” do outro cônjuge, então estamos perante pessoas sem um caráter decente, respeitador do amigo, em relação ao qual, lhe assedia a esposa.

A felicidade é incompatível com maus tratos, com prepotências físicas, psicológicas, éticas, morais ou de outra natureza. A felicidade assenta no amor sem reservas, na solidariedade, na lealdade, na cumplicidade e no respeito, nem que para tal se tenha de “cortar” relações com aquelas pessoas que se querem aproveitar das fragilidades de um, ou dos dois cônjuges.

“NÃO, à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. A Regra simples para se obter a PAZ”
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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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