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A MULHER NO SÉCULO XXI.




«O Dia da Mulher foi celebrado pela primeira vez em 1911. Foi a iniciativa de Clara Zetkin, aprovada no congresso internacional das mulheres na Internacional Socialista em 1910. Nos primeiros anos foi celebrado em dias diferentes, mas sempre em Março, a 19 e a 25, dependendo dos diferentes contextos ou países. Após a greve das operárias russas, a 8 de Março de 1917, que marcou o início da Revolução Russa, passou a ser celebrado a 8 de Março. A Organização das Nações Unidas instituiu oficialmente esta data como Dia Internacional da Mulher em 1975.» (in: https://plataformamulheres.org.pt/artigos/temas/dia-internacional-das-mulheres/

Conhece-se, desde há séculos, a história da mulher, no que respeita ao sofrimento de que tem sido vítima, devido às desigualdades entre ela e o homem.

Por razões culturais, religiosas, políticas, laborais e outras, o certo é que não se tem reconhecido o mérito, e as capacidades que possui.

A sociedade masculinizada que a tem rodeado, cortara-lhe as possibilidades de desenvolvimento, e até de participação ativa nas diversas atividades que poderiam ser comuns aos dois géneros.

O homem reservou-lhe, ao longo da sua história, as tarefas que considerava próprias da mulher: procriar, educar os filhos, cuidar da casa e até da lavoura. Mas os tempos, as mentalidades, os valores, as capacidades e as leis têm vindo a mudar, e a reconhecer à mulher os seus verdadeiros e inalienáveis direitos, como também os seus deveres. Ainda bem.

A predominância do género masculino, ao longo dos tempos, constitui, por isso mesmo, uma inaceitável injustiça, não havendo quaisquer decências, éticas, científicas ou outras, para que assim tenha acontecido, pelo contrário, o conhecimento que hoje se tem, aponta para uma mulher decidida, competente, destemida, como também carinhosa, que ama e que sofre, tolerante e comprometida com a família, enfim, uma mulher responsável, em todas as atividades em que se envolve.

O direito à igualdade impunha-se deste há séculos e, mais tarde ou mais cedo, a emancipação da mulher seria um facto.

Naturalmente que os regimes democráticos estão mais abertos a esta problemática, contudo, a aceitação da igualdade de direitos e de oportunidades, vai-se protelando no tempo e só aos poucos é que as mulheres conseguem adquirir os mesmos direitos e deveres dos homens.

É possível que para certas atividades, públicas e privadas, se levantem restrições na admissão de mulheres a ocuparem determinados cargos.


O homem tem medo de perder o seu poder, aliás, conquistado, por vezes, através de processos coercivos. A sociedade comporta os dois géneros, porém, por vezes ignora-os a favor do homem.
Com efeito:

«É frequente dizer-se que uma vez estabelecidas as leis igualitárias, tudo é uma questão de educação e de cultura, de mudança e de mentalidades, atitudes, hábitos e tradições, uma mera questão de evolução natural da sociedade civil, cujo ritmo de mudança há que respeitar. (…). Porque além de ser uma questão cultural é também uma questão política, que envolve e responsabiliza o próprio Estado, que tem, não só que considerar como tal, na sua filosofia governativa, mas que tem também que criar as condições necessárias e suficientes, para que a igualdade exista em todas as áreas, como questão global, multidisciplinar e transversal que é.» (SILVA, (1990:29).

Assiste-se, atualmente, nos casais mais jovens, de um modo mais aberto e, já em alguns mais idosos, mesmo com alguma reserva, a uma melhor harmonia na partilha de certas tarefas domésticas, com grande entusiasmo e alegria.

É bom constatar-se esta mudança da qual se tem conhecimento, por exemplo, através do desenvolvimento de reflexões autobiográficas, que os adultos apresentavam nos processos de Reconhecimento e Validação de Competências-Chave que decorreu nos Centros de Novas Oportunidades, para os níveis básico e secundário, até 31 de Agosto de 2012.

Parece ser uma boa estatística os dados recolhidos por esta via, significando, portanto, que uma nova realidade na igualdade de género estaria a crescer.

Outros casais, por exemplo, optam ou têm a possibilidade de os dois cônjuges trabalharem, mas um deles tem mais trabalho fora de casa e o outro apenas dispõe de um horário normal. Neste caso o que chega mais cedo a casa adianta os trabalhos domésticos que poderiam ser repartidos pelos dois.

Trata-se, uma vez mais, de colocar uma estratégia ao serviço da igualdade de género, em que o resultado final é bom para os dois e para os filhos. Hoje não existem razões aparentes para que a desigualdade de género prossiga, como se verificava há algumas dezenas de anos.

Ao refletir, desde logo sobre a igualdade de género, no matrimónio, qualquer que seja a sua constituição, obviamente que se pretende, a partir da família, cultivar essa mentalidade de partilha, de lealdade, de entreajuda, independentemente do género.

A igualdade desenvolvida ao longo de uma vida a dois, passar-se-á para os filhos e destes para os netos.

Na vida a dois, esposa e marido, depois a três, a quatro e os que forem nascendo – os filhos -, a ideia de partilha deve evoluir e cimentar-se, aliás:

«Os esposos devem com toda a simplicidade e franqueza examinar conjuntamente as suas dificuldades. Sem isso, a sua animosidade, ao acumular-se, corre de evolucionar para um rancor e desejo de vingança. Num momento crítico bastará uma coisinha de nada para a cólera se acender e para se soltar palavras duras e malévolas, prejudiciais à unidade do lar.» (GUERRERO, 1971:189.

Verificada que esteja a igualdade de género no seio da família, o caminho para o reconhecimento dos direitos da mulher, acompanhados de idênticos deveres, parece ficar mais facilitado, para ambos os géneros.

Na verdade, a sociedade é um pouco o retrato das famílias. As desigualdades de género, por vezes, também podem resultar da estratificação social estabelecida numa determinada sociedade, na qual as mulheres desempenham papéis diferentes dos homens e, eventualmente, de menor relevância, de resto:

«Em todas as sociedades existem instituições que explicam a diferença entre homens e mulheres, na medida em que regulam condições em que se acasalam e se reproduzem, a escolha de parceiro conjugal e a divisão de trabalho entre eles.» (GOLDTHORPE, 1997: 85).

Partindo-se, portanto, de hábitos familiares, que para o efeito devem ser criados no sentido do reconhecimento mútuo da igualdade dos cônjuges, com o exercício das tarefas, previamente distribuídas, é possível construir-se uma sociedade que reconheça, inequivocamente, a igualdade de género, na maioria das situações que se deparam à mulher e ao homem.

Os jovens, ao serem lançados para o mundo exterior, ao da casa de família, transportam consigo as práticas que ao longo de muitos anos observaram nos seus próprios lares, e isso já significa uma grande experiência para eles se constituírem numa nova família, ainda mais igual entre os cônjuges do que a que eventualmente, assistiram entre os seus pais.

Bibliografia

GOLDTHORPE, J. E. (1997). Sociologia e Antropologia. Social: Introdução. Tradução, Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar Editoras

GUERRERO, José Maria, (1971). O Matrimónio Hoje, à Luz do Vaticano II, Tradução, José Luís Mesquita. Braga: Editorial Franciscana

SILVA, Regina Tavares de, (1990). Direito à Igualdade. I Encontro de Mulheres Juristas dos Países Lusófonos, 12, 13, 14 de outubro de 1990. Lisboa: Centro de Estudos Judiciários.

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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