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O capitão do Douro




Sentada nas suas bermas, escadas que por ali me encaminharam, descobri a sua força e beleza.
O sol estava presente, mas as nuvens que se formavam também faziam frente e por momentos o vento assoprava para os separar, mas o choque era iminente e lentamente...mas mesmo devagar...uma barca deslizou sobre as águas, sobe a ponte em silêncio, como a flutuar.
Imaginei fantasmas que a guiassem até ao mar e depois copos brindando por entre tantos litros de vinho tinto. Retidos emprisionados por tábuas de velho pinho, que cheiravam a histórias de lagares de pedra e de marinheiros a navegar.
De calças arregaçadas e camisas entreabertas, cabelos despenteados e aquele sorriso atrevido de sempre. Imaginei até varinas lavando roupas não longe e depois moças saltando entre um som de violino ou viola por perto . E meninas distintas que desciam devagarinho, trazendo nas suas roupas metros e metros de fino destino.
Mas as gotas pesadas venceram e começaram a chorar sobre nós uma chuva louca que nos fez mudar de lugar.
Encontrei refúgio numa tasca, com cheiro a fumo e bom manjar.
Tinham de tudo um pouco e mesmo só para petiscar, trouxeram-me um pouco de Portugal à mesa, enquanto devia esperar.
Passei do rio ao campo e dele aos pomares, provei de bons queijos e muito do que o porco tem para dar.
Enquanto a chuva lavava o mundo de tudo um pouco, a barca deixou de avançar...atracou-se a um posto firme e apenas um marujo vi passar. Tinha um porte seguro e traços de quem sabe mandar.
Passou a ser o capitão do douro, onde por momentos me fez sonhar.
Assim vão as horas dos dias, de quem anda a passear...

Ana Mendes




 
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