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Conceitos Filosóficos




Numa perspetiva mais global, mas específica e clássica, certamente que é possível avançar algumas ideias do que é, e também do que não é, a Filosofia. Porque se é difícil, se não mesmo impossível, defini-la, então refugiemo-nos na possibilidade de esclarecer aquilo que ela não é, deixando ao paciente leitor deste trabalho, a ingrata tarefa de concluir, com toda a sua sabedoria, o que é, então, a Filosofia.
Invocando Julian Marías, transcrevam-se alguns passos do seu pensamento: «Por Filosofia entenderam-se, principalmente, duas coisas: uma ciência e um modo de vida. (...) Ambas as dimensões são inseparáveis e, de facto, nunca apareceram totalmente desligadas. A Filosofia é um modo de vida, um modo essencial que, justamente, consiste em viver numa certa ciência e, portanto, a postula e exige. É, portanto, uma ciência que determina o sentido de vida filosófica. (...) Em Aristóteles a Filosofia é uma ciência rigorosa, a sabedoria ou o saber por excelência. A ciência das coisas enquanto são. (...) Depois de Aristóteles, a partir da morte de Alexandre e a seguir a todo o Império Romano, a Filosofia esvazia-se de conteúdo científico e vai-se convertendo, cada vez mais, num modo de vida, o do sábio sereno e imperturbável, que é o ideal humano da época. No cristianismo com Santo Agostinho e S. Tomás a Filosofia mover-se-á entre uma ciência Teológica e uma ciência Filosófica. Na época Moderna, com Descartes, entende-se como uma ciência para a vida. Trata-se de viver, viver de certo modo aquilo que se faz e, sobretudo, aquilo que se deve fazer. A Filosofia como um modo de vida que postula uma ciência. Kant vem falar-nos de um conceito escolar e de um conceito mundano de Filosofia: pelo primeiro, é um sistema de todos os conhecimentos filosóficos; pelo segundo, é a ciência da relação de todo o conhecimento com os fins essenciais da razão humana. (...). No nosso tempo e com Husserl a Filosofia é a ciência escrita e rigorosa; Dilthey a vincula essencialmente à vida humana e à história; Ortega com a ideia de razão vital torna a pôr de um modo radical o próprio núcleo da questão estabelecendo uma relação intrínseca e necessária entre o saber radical e a própria vida.» (MARIAS, s.d:24-25).
O vocábulo Filosofia, nos dias que correm, tem sido, aparentemente, banalizado, quando é utilizado de uma forma utilitarista, no sentido de dignificar, dar maior relevo, a uma certa postura social, profissional e institucional: aquela pessoa tem uma filosofia de vida excelente; aquele indivíduo tem uma ótima filosofia de trabalho; o governo aprovou uma nova filosofia para a saúde; os portugueses aderiram às filosofias agrícolas comunitárias ou os brasileiros assumem-se com uma filosofia de vida feliz em cada dia, etc. Ora, se por um lado, invocar, a propósito de tudo, a Filosofia para fundamentar e justificar determinados atos, medidas e situações, isso constitui, afinal um reconhecimento geral, quanto à necessidade da sua existência.
Por outro lado, explicar, conceptualmente o que é a Filosofia, continua difícil e, uma vez mais, numa outra latitude – Brasil – chama-se à discussão, outro especialista, seguramente, com novas e actuais ideias: «A Filosofia é saber pelo saber. Não sendo, pois, dirigida a nenhuma solução de ordem prática, ela é num certo sentido, o mais útil de todos os saberes. (...). Quando se examina a história das civilizações, até um passado muito recente, um aspecto que chama à atenção é o dinamismo das Sociedades Ocidentais... A Sociedade Ocidental não só elabora as Teorias Físicas que resultaram da tecnologia moderna, mas também todas as grandes teorias no campo da biologia, da psicologia, da política, da economia, etc., que revolucionaram a visão tradicional sobre os homens e as suas instituições. Com seus méritos e deméritos, vantagens e desvantagens, todo esse dinamismo tem a ver com o tipo de pensamento desenvolvido no Ocidente, isto é, com a Filosofia. (...) A Filosofia é saber de todas as coisas, é saber crítico. (...) A Filosofia é, justamente, a ciência com a qual não é possível ao mundo permanecer tal e qual.» (REZENDE, 1997:15-16).
A imagem que normalmente nos chega, desde os tempos remotos da antiguidade, sobre o aspeto físico do filósofo, é a de um homem maduro, a caminho da velhice e um semblante circunspecto, compenetrado, responsável. Por outro lado, ainda hoje se verifica, em muitas comunidades portuguesas, a existência do “conselho de anciãos”, constituído por pessoas de idade avançada, imensas experiências vividas e conhecimentos tradicionais, com uma base filosófica muito acentuada, a denominada “filosofia popular”, o bom-senso.
Estes “conselhos de anciãos” ou de “sábios” tal como na antiga Grécia, resolvem muitos problemas comunitários, devido às experiências riquíssimas que durante as suas longas vidas têm interpretado. Aliás, Deleuze, confirma isto mesmo: «Talvez só tarde na vida se possa pôr a questão: O que é a Filosofia? Quando chega a velhice e a hora de falar concretamente. (...) Há casos em que a velhice dá, não uma eterna juventude, mas, pelo contrário, uma liberdade soberana, uma necessidade pura em que se goza um momento de graça entre a vida e a morte e em que todas as peças da máquina se combinam para lançar em direcção ao futuro um traço que atravessa as idades.» (DELEUZE & GUATTARI, 1992:9).
Contemporaneamente, na perspectiva de alguns autores, concretamente Deleuze, que uma vez mais se convoca para a discussão, verifica-se que há um recuperar do vocábulo “amigo” para a partir dele se chegar ao conceito de filósofo, como o que, classicamente, já se vinha defendendo: «Amigo da Sabedoria», evoluindo-se, então, para outros termos tais como “amante”, “pretendente” e “rival”. O filósofo terá, então, de ser o amigo do conceito quando se admite que a Filosofia é a disciplina que consiste em criar conceitos.
Assim sendo, os filósofos não só, não devem aceitar os conceitos que lhes são dados, mas também e principalmente: «...é necessário que comecem por os fabricar, os criar, os formular e persuadam os homens a recorrer a eles... (...) Estamos pelo menos a ver aquilo que a Filosofia não é: não é contemplação, nem reflexão, embora possa ter julgado ser uma ou outra, devido à capacidade que qualquer disciplina tem em engendrar as suas próprias ilusões e de se esconder atrás de um nevoeiro que especialmente emite.» (Ibid.:12-13).
Também nesta perspectiva, ou seja, daquilo que a Filosofia não é, desenvolve-se a tese, segundo a qual, a Filosofia não tem que se preocupar com os Universais, na medida em que ela tem como primeiro princípio o de que os Universais não explicam nada, mas pelo contrário, têm de ser eles próprios explicados.
Com efeito: «Conhecer-se a si mesmo – aprender a pensar – fazer como se nada fosse evidente – espantar-se, «espantar-se por o ente ser um...» estas e muitas outras determinações da Filosofia foram atitudes interessantes, embora cansativas a longo prazo, mas não constituem uma ocupação bem definida, uma actividade precisa, nem sequer de um ponto de vista pedagógico. Pode considerar-se decisiva, pelo contrário, esta definição de Filosofia: Conhecimento através de puros conceitos.» (Ibid.:14)

Bibliografia

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix, (1992). O Que é a Filosofia. Tradução, Margarida Barahuna e António Guerreiro. 1a Ed. Lisboa: Editorial Presença
MARIAS, Julián, (s.d.). Historia de la Filosofía. Tradução, de Alexandre Pinheiro Torres. São Paulo: S.A.
REZENDE, Antônio (Org), (1997). Curso de Filosofia para Professores e Alunos dos Cursos de Segundo Grau e de Graduação, 7a Ed., Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor/SEF.

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